- Designação
- Capela de Nossa Senhora do Rosário de Tróia
- Localidade
- Carvalhal
- Concelho
- Grândola
- Vigararia
- Setúbal
- Propriedade
- Paróquia de São Sebastião
- Tipologia
- Capela
- Estilo arquitectónico
- Sem informação
- Data de edificação
- Sem informação
- Categoria de protecção
- Sem informação
Traçar a história da Capela de Nossa Senhora do Rosário de Tróia, tem tudo que ver em perceber a evolução e aparecimento da festa popular com o mesmo nome, a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Tróia. O texto seguinte, retirado do livro "Paróquia e Igreja de São Sebastião de Setúbal", traça o perfil e a história desta festa de pescadores, mas que ao longo do tempo se tornou numa festa de toda a cidade de Setúbal...
A Festa em Honra de Nossa Senhora de Tróia é hoje uma das mais importantes da cidade de Setúbal. Esta festa é marcada por uma forte devoção a Nossa Senhora de Tróia, por parte de quem a organiza, mas também de todos aqueles que nela participam. A comunidade varina de São Sebastião que assume especial relevo nesta festa, caracteriza-se por uma forte fé religiosa, pois os constantes riscos em que o mar os coloca, fá-los levantar as mãos e rezar à sua Padroeira, a Nossa Senhora de Tróia, pedindo a sua protecção.
Realizada na Caldeira de Tróia, esta festa encontra as sua origens na existência de uma ermida erguida precisamente entre as ruínas romanas de Tróia. "Nesta antiga e destruída povoação a que chama Tróia conserva-se um templo dedicado a nossa Senhora invocada de todos com o título de Senhora de Tróia, nome certamente mais imposto das ruínas que de alguma outra povoação que tivesse semelhante nome". Assim nos relata Frei Agostinho de Santa Maria em 1707, mas existem indícios mais antigos que nos remetem para a existência da ermida em Tróia. Um documento de 1482, no reinado de D. João III, refere a existência de um ermitão em Tróia, comprovando a da sua respectiva ermida. Em 1510, com a Visitação da Ermida de Nossa Senhora de Tróia pela Ordem de Santiago, é-nos fornecida uma descrição minuciosa da ermida e dos objectos que detinha. Nas Informações Paroquiais de 1758, o pároco de São Sebastião relata e realização de duas festas anuais em honra de Nossa Senhora de Tróia: "A imagem desta Senhora hé muita milagrosa em cuja Igreja se selebrão em o mes de Agosto duas festas annuáes, huma pelas orteloens da terra, e outra pelos homens marítimos a que concorrem grande parte do povo desta Vila". além de mencionar que a sua paróquia, a de São Sebastião, compreendia a ermida de Nossa Senhora dos Prazeres no sítio de Tróia. Já em 1707, Frei Agostinho de Santa Maria dizia-nos: "É esta ermida anexa à Paróquia de São Sebastião freguesia da vila Setúbal. Festejada a 15 de Agosto", referindo que a imagem de Nossa Senhora de Tróia era muito antiga, colhendo grande devoção por parte dos moradores de Setúbal. Nos finais do século XIX, há noticias que referem o restauro da ermida, tendo a imagem da Senhora de Tróia permanecido por algum tempo em Setúbal.
A partir daí, existe uma lacuna nos registos, pelos menos até ao inicio da década de 30 do século XX, no que respeita à realização da festa. Durante este tempo, a festa encontrava-se entregue ao pároco de Melides.
Mas em 1945, os quatro sacristãos da cidade, dos quais se destacou o saudoso João "Sacristão", também ele de origem varina, retomam a organização da Festa da Tróia, retornando para sempre à Paróquia de São Sebastião. Já em 1948, a organização é entregue aos pescadores, os varinos de São Sebastião que ainda hoje a detêm, sendo eles os principais romeiros desta Festa.
Actualmente, são vários e distintos os períodos que marcam estes festejos em honra da Senhora de Tróia. Realiza-se normalmente dentro das três primeiras semanas de Agosto, consoantes as marés. Assim, em primeiro lugar, realiza-se o Tríduo, uma série práticas religiosas na Igreja de São Sebastião, com a presença da imagem de Nossa Senhora de Tróia, durante três dias consecutivos, ou seja, antes das festas na Caldeira em Tróia. Depois, no Sábado à tarde a Senhora de Tróia sai da Igreja de São Sebastião em procissão, até à Doca das Fontainhas, donde segue para a sua ermida em Tróia, em procissão fluvial. No dia seguinte pela manhã, celebra-se a missa campal seguida de uma procissão pela praia da Caldeira, sendo a tarde destinada ao convívio e diversões. Finalmente, na manhã de segunda-feira, há uma missa matinal, muito vivida pelos festeiros, e à tarde, a derradeira procissão pelo rio Sado - O Cirio - integrada por todas as embarcações de pesca e recreio, devidamente enfeitadas para o efeito. O hábito de enfeitarem os barcos a preceito, é algo que já se fazia nas primeiras festas, actividades a que dedicavam tempo considerável. Os pescadores das Fontainhas sentem grande orgulho em ver os seus barcos decorados, consoante o gosto de cada um. A mais bela embarcação preside a procissão, levando o andor de Nossa Senhora de Tróia. Actualmente, as autoridades competentes da cidade de Setúbal acompanham também esta procissão pelo rio, que ruma em direcção ao Hospital do Outão, onde os doentes assistem à passagem da Senhora de Tróia, percurso já realizado durante alguns anos, depois de 1945. Seguidamente, a procissão sobre o rio Sado pela sua margem direita, parando um pouco em frente ao nicho onde está colocada a Senhora do Cais, imagem que, noutros tempos, merecera grandes honras por parte dos pescadores de São Sebastião.
Em tempos mais antigos, a Festa de Tróia não integrava todos estes momentos que foram mencionados. Contudo, ela decorre num ambiente e meio muito singular, o que faz dela uma festa única. Por si só, o facto de existir um acampamento na Caldeira, antes e depois da festa, é gerador de uma aproximação entre os participantes que, assim se distanciam da vida de todos os dias. Nas primeiras festas, toda esta situação estava muito mais presente, uma vez que Tróia era quase isolada e os transportes não se encontravam acessíveis a todos. A grande fatia dos participantes deslocava-se até Tróia e lá permanecia, na Caldeira, durante os dias da festa, o que ainda hoje acontece, e onde são levadas a cabo diversas actividades, entre as quais vários jogos. Tudo se passava na praia, prevalecendo a relação entre os participantes e o mar, afinal de contas, são pescadores. Acampavam em barracas ou nos seus próprios barcos, os saveiros, sendo os participantes desta festa na sua grande maioria, os varinos da zona das Fontainhas, aos quais se juntaram posteriormente, os do Bairro Santos Nicolau e do Bairro da Conceição. Por sua vez, os pescadores do Faralhão, Praias e Carrasqueira tornaram-se também, mais tarde, participantes nesta festa. O facto de se dedicarem à apanha da ostra nos mesmo local onde pescavam os varinos, fez com que o convívio entre eles nascesse, prolongando-se de igual modo, nos dias da festa. Toda esta realidade convidava ao convívio. Não existiam pobres, nem ricos, tudo era partilhado, pois eram vizinhos, sendo todos dominados por um ambiente de alegria e de festa em torno da grande devoção que tinham à Senhora de Tróia.
Nas primeiras festas realizadas, a Senhora de Tróia não saía da sua ermida. Os festeiros partiam de Setúbal nos seus barcos sem levarem a imagem com eles, em procissão, como hoje se faz. A missa era celebrada na ermida de Tróia, seguida pela procissão que se realizava ali mesmo na praia. Eram momentos muito participados e sentidos por todos.
A partir de meados do século passado, as celebrações da Festa da Tróia, assumia os contornos que ainda hoje detém, acima referidos. Nos dias que correm, esta Festa recolhe a participação de muitas pessoas da cidade de Setúbal, mas antigamente, eram os pescadores, as conserveiras e as vendedoras na praça que a ela acorriam.
- Horários de visita
- Durante os dias das Festas de Nossa Senhora do Rosário de
Tróia durante o mês de Agosto
- Horários de eucaristias
- Não se realizam eucaristias excepto nas Festas de Nossa
Senhora do Rosário de Tróia durante o mês de Agosto
- Morada
- Caldeira de Tróia junto as Ruínas Romanas
- Postal
- 7570-789 Grândola