- Designação
- Igreja de São Lourenço - Alhos Vedros
- Localidade
- Alhos Vedros
- Concelho
- Moita
- Vigararia
- Barreiro e Moita
- Propriedade
- Paróquia de Alhos Vedros
- Tipologia
- Igreja
- Estilo arquitectónico
- Sem informação
- Data de edificação
- Sem informação
- Categoria de protecção
- Imóvel de Interesse Público
A Igreja Matriz de Alhos Vedros reflecte também as iniciativas privadas, apresentando um conjunto de capelas onde é possível fazer uma leitura das mentalidades e da religiosidade, desde o século XV ao século XVIII.
Estas iniciativas privadas estão bem patentes na arquitectura, na escultura, no azulejo e na pintura, transmitindo um conjunto estilístico heterogéneo que são, no fundo, resultado de modos diferentes de encarar a morte, a vida e a devoção.
É uma igreja de nave única com cinco capelas laterais e capela-mor, a sua fundação remonta possivelmente aos finais do século XIII, mas da construção primitiva nada resta, pois ao longo dos tempos foi sujeita a alterações no plano da volumetria e da espacialidade geográfica. Nesta sequência, o corpo da igreja sofreu intervenções no século XVII. A fachada do templo, orientada para poente, recebe um portal tardo-renascença, com a data de 1602 e, no século XVIII, teve beneficiações no revestimento de azulejos (1749) e na pintura do tecto, ostentando o caixotão central uma pintura de intensa policromia sobre o martírio de S. Lourenço (patrono da igreja). Também a capela-mor foi valorizada com a integração de um altar de talha dourada, de estilo nacional (1680-1725) e com o revestimento dos panos laterais por dois lambris de azulejos azuis e brancos setecentistas.
Numa perspectiva de valorização e de enquadramento do património histórico e ambiental, a Câmara melhorou a envolvência paisagística do monumento, ao proceder à construção da 6ª. fase do Parque José Afonso.
Capela de S. Sebastião
Primeira do lado direito, destaca-se exteriormente do conjunto pela volumetria gótica: sistema de contrafortes, cobertura em terraço rematado por merlões pentagonais, duas janelas em arco quebrado e um pequeno óculo.
Esta capela, fruto da «devotium moderna» (religiosidade interiorizada e o assumir do individual da Morte), foi mandada edificar na segunda metade do século XV, por Pero Vicente, o Velho, criado da Casa do Infante D. Fernando e destinada a ser o panteão da família.
Encontram-se nela os túmulos dos fundadores (Pero Vicente e Constança Vaz), bem como o túmulo com estátua jacente do filho, Fernão do Casal, cavaleiro da Casa do mesmo Infante, morto na batalha de Zamora, no dia 1 de Março de 1476, no reinado de D. Afonso V.
Trata-se de um belo exemplar da tumulária nobre quatrocentista, única no distrito de Setúbal: a estátua, sobrepujada por um brasão de armas com cinco flores de lis, apresenta Fernão do Casal com uma armadura, empunhando uma espada, com a cabeça repousada sobre uma almofada bordada e pés assentes numa mísula lavrada.
Posteriormente fez-se uma nova leitura daquele espaço, pois em 1730 uma nova iniciativa particular mandou revestir as paredes da capela de azulejos azuis e brancos, reflectindo uma religiosidade barroca (uma atitude religiosa mais exteriorizada, em que, a comunicação sob todas as formas e a ocupação dos sentidos têm uma função primordial na transmissão da mensagem religiosa).
Este empenhamento piedoso laico reflecte-se nas restantes capelas, que se vão afirmando em estrita articulação com o espaço religioso e com a crença numa vida «post mortem».
Esta capela está classificada como imóvel de interesse público, pelo Decreto Nº.38 147, de 5 de Janeiro de 1951.
Capela de Santo António
Segunda do lado direito. Não se sabe ao certo a data da sua construção. Apresenta nas paredes painéis de azulejos do século XVIII.
Capela de S. João Baptista
Terceira da ala direita. Apresenta uma abóbada de nervuras em estilo manuelino e uma pia de água benta ricamente decorada com elementos vegetalistas. As suas paredes estão revestidas de azulejos hispano-árabes, segundo a técnica de aresta, da primeira metade do século XVI. O frontal do altar encontra-se revestido de um silhar de azulejos, tipo tapete (padrão maçaroca), do século XVII. Na parede Sul existe uma inscrição epigráfica que nos dá a informação de ter sido Pero Gomes de Faria, cavaleiro fidalgo da Casa de D. Manuel I, o fundador da capela.
Capela de Nossa Senhora do Rosário
Primeira do lado esquerdo. Ignora-se a data da sua fundação. Apresenta nas paredes laterais dois painéis do século XVIII, não datados, onde estão representadas cenas da vida da Virgem. A frente do altar exibe a réplica recente (século XX) de um painel de azulejos policromados, tipo tapete, do século XVII.
Capela de Nossa Senhora dos Anjos
Segunda do lado esquerdo. Abre-se em dois arcos renascentistas para a nave da igreja, foi instituída na primeira metade do século XVI, o que está documentalmente comprovado pelas informações insertas nas Visitações da Ordem de Santiago de 1523. Porém, terá sofrido obras posteriores, datáveis entre 1590 e 1610, já que a capela se destaca por uma volumetria em cúpula, típica das construções maneiristas. Aí se encontra sepultada a família pertencente aos Mendonças Furtados. Apresenta silhares de azulejos policromados do século XVII e no altar pode admirar-se uma bela imagem em pedra da Nossa Senhora dos Anjos com o Menino ao colo, do princípio da centúria de quinhentos. Associada a esta imagem fazia-se uma procissão, realizada no Dia de Ramos, em honra e devoção da Senhora e à qual eram obrigados a assistir «(...) o Prior, e povo da Villa do Barreiro, os Curas do Lavradio, Mouta, Telha, e Palhaes, com suas Cruzes, e huma peffoa de cada cafa, por huma Provifão do Duque Meftre D. Jorge, paffada no anno de 1513, impondo de multa aos moradores da Villa do Barreiro hum toftão a cada hum, fe faltarem, e para a execução da multa manda, que o Efcrivão da Camera de Alhos Vedros tome a rol todos, para fe ver os que faltão, e fe cobrar delles a dita multa; (...).
Esta informação prova não só a antiguidade da Procissão de Nossa Senhora dos Anjos, como nos dá a indicação de que seria, no século XVI, a mais importante da Margem Sul do Tejo, pela concorrência de pessoas provenientes de diferentes lugares.
- Horários de visita
- Sem informação
- Horários de eucaristias
- Sem informação
- Morada
- Largo da Igreja
- Postal
- 2860-037 Alhos Vedros